500 anos de discriminação

Os primeiros ciganos terão chegado a Portugal por volta de 1462. A data é incerta, mas Leonor Gusmão, co-autora de um estudo ao ADN da comunidade cigana, não hesitou em afirmar ao Público que os ciganos “estão há mais tempo em Portugal do que os portugueses no Brasil”. Para Catarina Marcelino, antropóloga e ex-Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, a história da comunidade cigana é uma “história de estigmatização”. Apesar de estarem há mais de cinco séculos em Portugal, “as comunidades ciganas viveram, e vivem, sempre à parte”, afirma Catarina Marcelino.

“O único racismo português é dirigido ostensivamente e totalmente aos ciganos” foi a conclusão a que José Gabriel Pereira Bastos, antropólogo e estudioso da vida das comunidades ciganas, chegou na sequência de um estudo sobre minorias étnicas em Portugal encomendado em 1997 pelo Governo de António Guterres.

Para Carlos Miguel, cigano e Secretário de Estado Adjunto e para o Desenvolvimento Regional, “há uma degradação moral na sociedade portuguesa, consequência de termos portugueses que fazem questão de se afirmarem racistas”. Catarina Marcelino defende que os portugueses devem ter consciência de que “excluir pessoas pela sua origem étnico-racial é inaceitável, num país democrático”.