“Toda la piedra ye un pequeinho monte”. A frase está inscrita com letras bem gordas num dos muros de granito caraterísticos da pequena aldeia de Picote, no concelho de Miranda do Douro. É um dos poucos locais do país onde a língua mirandesa continua bem presente.

Comemoram-se este ano duas décadas da promulgação da Lei do Mirandês, que reconhece o idioma como língua oficial de Portugal. Ainda assim, a forma como tem sido feita a transição do documento para o terreno continua a ser muito discutida.

O ensino da língua não é obrigatório nas escolas de Miranda do Douro e o número de crianças a residir no concelho é cada vez menor. Picote, ou melhor, Picuote, em mirandês, como se pode ler nas várias placas toponímicas espalhadas por toda a aldeia, é um exemplo disso. A freguesia conta apenas com 15 crianças dentro das suas fronteiras.

Entre a língua e a terra, Picote é paragem obrigatória para muitos visitantes. Somente uma
barragem separa Picote do município espanhol de Formoselle, na província de Zamora. Assim, face à proximidade a Fraga do Puio, miradouro natural com vista privilegiada para o Rio Douro, é visitada com regularidade por cidadãos vindos do país vizinho.