Do secundário ao ensino superior: gerir a incerteza

Ana Pinto Martinho, Professora no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa

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É fácil escolher, aos 15 anos, um caminho que dita o meu percurso profissional? Será que uma licenciatura chega?  O que me podem dar programas como o Erasmus? Como vêm os jovens o ensino? Neste REC fomos à procura de respostas, mas também encontrámos questões.

A empatia, capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa, compreendendo-a, não é fácil. Hoje lanço-vos um desafio: como será ter 15, 16, 17… 20, 21 anos em Portugal na atualidade? Sim, diferentes idades, diferentes desafios, mas como será? Como será, hoje, ter de fazer uma escolha que enforma já o nosso percurso profissional e ainda por cima no meio de uma pandemia que nos fechou nos nossos computadores?

Estudos falam sobre o disparar de episódios de ansiedade nos jovens. Ainda há pouco tempo, em conversa com professores do ensino secundário, de uma escola de Lisboa, foi-me dito que não havia uma única turma entre o 10º e o 12º ano na qual não tivessem alunos com quadros de ansiedade. A situação parece ter sido agravada pela pandemia, mas já existia antes. A pressão das avaliações, da entrada para o ensino superior, muitas vezes povoada de dúvidas, um ensino que não se soube adequar aos tempos, professores à beira do esgotamento, tudo deve fazer-nos pensar sobre que escola têm as nossas crianças e jovens.

Nesta edição do REC trabalhou-se sobre o ensino. Os Repórteres em Construção olharam para dentro, tentaram compreender algumas das questões que os afligem e a jovens como eles. Um exercício interessante porque vem na senda daquilo que hoje em dia já se começa a falar: a diversidade nas abordagens jornalísticas. Que jovens aspirantes a jornalistas reportem sobre a educação quando eles ou jovens próximos estão neste momento a tentar encontrar respostas para o seu caminho, dá-nos um olhar diferente que deve, a meu ver, fazer-nos refletir.

Este programa foi feito em tempo de exames e férias. Mas os exames finais, os trabalhos de verão e a necessidade férias não impediram que ele se realizasse. A entrevistas, a pesquisa foram feitas com a vontade de quem quer ser jornalista, com a vontade de aproveitar a oportunidade para ter voz e dar voz a outros.

É por tudo isto que foi para mim tão gratificante editar este REC, olhar por dentro, fazer o tal exercício de empatia. Das nossas conversas de preparação não saiu, para mim, “apenas” este produto final que podem ouvir e ler, ficaram as reuniões e o que aprendi sobre as suas dúvidas, incertezas, mas também ficou a esperança nestes futuros jornalistas.

Neste programa do REC participaram Mafalda Cunha, Hugo dos Santos e Beatriz Coutinho, da Universidade do Porto; Mafalda Teixeira, Mariana Madeira, Mariana Teles, Inês Monteiro, Madalena Paredes, Inês Policarpo, Miguel Frazão e Rita Vassalo, da Escola Superior de Comunicação Social. A apresentação é de Mafalda Cunha, da Universidade do Porto. A edição é de Ana Pinto Martinho, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. A coordenação é Francisco Sena Santos, jornalista da Antena 1 e Professor da Escola Superior de Comunicação Social. A pós-produção é de Duarte Ferreira da Universidade do Porto e Miguel van der Kellen, da Universidade Autónoma de Lisboa.