Sabores de Norte a Sul à mesa da Nacional 2

João Ribeiro, Vanda Marques e Diana Nunes (Escola Superior de Educação de Viseu)

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N2: Estrada de Sabores

A Estrada Nacional 2 é a maior estrada do país, atravessando 11 distritos e 34 concelhos. Ao longo de 739 quilómetros mudam as cores, os cheiros e as paisagens. Mas não é apenas isso. A gastronomia também muda.

A Nacional 2 oferece, aos seus viajantes, a possibilidade de experimentar o que melhor se faz em Portugal. Terminada a sua construção em 1945, a Estrada Nacional 2 tornou-se a mais importante via de circulação, pelo interior do país. Atualmente não é bem assim. Por exemplo, a EN2 é agora usada, todos os anos, por milhares de motociclistas, que a percorreram para sentir o que a estrada lhes oferece.

Neste sentido apresentamos, agora, algumas sugestões gastronómicas que pode encontrar, ao longo do percurso. São centenas de pratos típicos, doces, vinhos, enchidos e queijos. Vamos começar!

Chaves

Chaves é a segunda maior cidade no distrito de Vila Real, situada na fronteira a Norte com Espanha. Outrora terra de romanos, visigodos e muçulmanos, Chaves oferece um encontro com a história e a cultura. A natureza paisagística é algo que fica na memória de quem visita a cidade.

  • Presunto de Chaves – A opinião não é consensual, mas o presunto de Chaves é considerado, por muitos, o melhor presunto português. Desde o pasto que lhe confere “personalidade”, ao processo de abate, o desmanche e até o repouso no fumeiro são práticas que conferem, ao presunto de Chaves, um sabor único.
  • Pastel de Chaves – O pastel de Chaves conquistou a Indicação Geográfica Protegida (2015), atribuída pela União Europeia. É uma iguaria de massa folhada fina, recheada de carne picada, bastante popular na cidade e na região Norte. Veja aqui a receita do pastel de Chaves.
  • Folar de Chaves – O folar é um pão da Páscoa recheado com carnes frias. Típico também de toda a região transmontana. Clique aqui para ver como se faz o folar de Chaves.

Viseu

A cidade milenar, outrora protegida por muralhas, servida por sete portas, conheceu um grande desenvolvimento ao longo da sua história. O centro histórico exalta a fusão arquitetónica que é visível nas paredes, portais e janelas das casas antigas.

Já foi considerada a “Melhor Cidade para Viver” e em 2018 recebeu o Europeade (Festival Europeu de Folclore). Em 2019 afirmou-se como “Destino de Gastronomia”.

  • Rancho à Moda de Viseu – O rancho é associado à guerra entre liberais e absolutistas. Para saciar a fome dos homens na altura da guerra, foi entregue ao cozinheiro carne de galinha, de porco, vaca, enchidos, grão-de-bico, couves, entre outros. Há quem diga que foi esta a receita que deu força às tropas, levando-os à vitória. Veja aqui como se faz este rancho.
  • Vitela à Lafões – A vitela à Lafões é produzida por famílias da região de Lafões. O gado bovino é criado sob condições específicas que pertencem à raça Arouquesa e Mirandesa. O resultado é uma carne saborosa, suculenta e tenra. Receita aqui.
  • Viriato – No que respeita à doçaria, o Viriato é “rei”. Tem o formato de “V” e herdou o nome do mítico herói de Viseu. O Viriato foi patenteado pela Confeitaria Amaral em 1995. É feito de uma massa “secreta”, recheada com doces de ovos e uma camada de açúcar granulado, em cima. Como se faz um viriato?

Abrantes

Situada no distrito de Santarém, a cidade de Abrantes ergue-se sob uma colina, a poucos metros da margem do rio Tejo. Daí avista-se todo o oeste de Belver, até ao município de Constância. O feriado municipal celebra-se a 14 de junho, data em que Abrantes foi elevada à categoria de cidade, em 1916.

  • Arroz de Lampreia – O arroz de lampreia faz parte dos pratos típicos da região de Abrantes. Sendo um produto sazonal, a lampreia é preparada apenas nos meses de fevereiro e abril. Veja aqui a receita de arroz de lampreia.
  • Açorda de Sável – O truque para uma boa açorda de sável está na preparação prévia do peixe. O corte deve ser feito em linha reta, caso contrário cortam-se as ovas. Na zona de Santarém há vários festivais para mostrar a oferta gastronómica da região. A açorda de sável está entre os pratos mais conceituados. Clique aqui para ver a receita.
  • Tigeladas de Abrantes – De origem conventual, as Tigeladas de Abrantes são, a par com a “Palha de Abrantes”, os doces mais conhecidos da região. É feito a partir de farinha, açúcar, ovos, leite, raspas de limão e canela. O doce é feito em tigelas de barro vermelho, explicando a origem do nome atribuído à iguaria. Pode encontrar a receita das tigeladas aqui.

Montemor-o-Novo

A presença muçulmana é visível pela designação dada ao rio que circunda a localidade: Almansor, o nome do príncipe berbere do século X. Nos séculos XII e XIII o domínio da Vila passou para mãos cristãs. Hoje, Montemor-o-Novo é uma cidade de referência para as artes contemporâneas do Alentejo.

  • Licor de Poejo – De cor amarelada, o licor de poejo é uma bebida típica alentejana feita a partir de poejo (erva). Apresenta-se em garrafas de vidro ou em garrafas forradas a cortiça, para beber após as refeições.
  • Alimado de Cação – Prato típico do Alentejo constituído por cação (peixe), pão e ervas. Para preparar o cação é necessário marinar o cação durante duas horas para preservar as qualidades do peixe. É servido, normalmente, com pão frito à volta. Veja a receita aqui.
  • Perninhas de Rã – Sim, são mesmo pernas de rã. Temperadas com sal, limão e pimenta, as perninhas de rã são servidas com molho de tomate. Saiba como fazer perninhas de rã.

Faro

Em 1487 foi impresso o primeiro livro em Portugal. Tal feito aconteceu pelo tipógrafo judaico Samuel Gacon, inspirado pela técnica de Gutenberg. A cidade de Faro obteve essa categoria em 1540 pela figura de D. João III. Já no século XVIII, Faro foi alvo de restruturações ao nível monumental, devido ao terramoto de 1755.

  • Cozido de Grão – O cozido de grão vive nas memórias e sabores dos algarvios, feito com grão, feijão, abóbora, batata, chouriço e diferentes tipos de carne, o prato era a desculpa perfeita para reunir toda a família à mesa. Clique aqui para ver a receita.
  • Favas à Algarvia – As favas à algarvia são tipicamente cozidas com hortelã e levam chouriço preto e vermelho, bacon ou toucinho. Tudo isto, num prato bem recheado. Veja aqui a receita das favas à algarvia.
  • Caldeirada à Algarvia – Outro prato que representa a cozinha portuguesa é a Caldeirada à Algarvia. Contém peixes, amêijoas e batatas, com um caldo bem temperado. Um prato, antigamente, desenvolvido e destinado para refeições em alto mar com peixe acabado de sair da rede. Saiba como fazer uma caldeirada à algarvia.