Nós e a bola

Luís Bonixe, professor no Instituto Politécnico de Portalegre e editor do programa sobre Futebol

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Essencialmente, gostamos de ganhar. Mais do que apreciarmos o desporto.

 

E temos tido essa sorte. Portugal é campeão europeu de Futebol e é o primeiro vencedor de sempre da Liga das Nações. Em 2018, somou a outros títulos nas camadas jovens o campeonato europeu de sub19. E a sorte de termos a alma aconchegada pelas vitórias do futebol estende-se também aos areais das praias e ao Futsal, onde os homens levantaram a taça de campeões europeus e as mulheres ficaram a um passo de fazer o mesmo no primeiro campeonato da Europa feminino, tendo perdido na final com a Espanha.

Não admira, por isso, que o número de praticantes da modalidade esteja a aumentar. Em particular entre o público feminino. Há mais raparigas a jogar futebol federado em Portugal se comparado com os últimos cinco anos.

É a sorte de termos nascido num país que vive a bola como poucos e que por isso produz “Ronaldos”, “Ricardinhos”, “Figos” e “Eusébios”. Mas que também começa a produzir “Jéssicas”. Para quem olha para o futebol numa perspetiva de competição e espírito vencedor, não está nada mal servido!

Mas, é também preciso olhar para o futebol para além das manchetes, das transferências milionárias, das taças e das vitórias europeias e mundiais. É preciso espreitar o percurso da formação de um jogador de futebol, mesmo que não passe disso mesmo: da formação. É
importante olhar para as peladinhas nos pelados e para as frustrações de quem de promessa passou a sonho adiado. É preciso, enfim, ver o futebol que se joga nas aldeias, a formação de árbitros e os sonhos que mães, pais e filhos alimentam de um dia serem eles a encher estádios.

O programa do REC sobre Futebol procura trazer estes sons e através deles mostrar o que muito existe para além das intermináveis e enfadonhas horas de debate nas televisões. Porque o futebol é também, e sobretudo, um espaço para o espetáculo. Que o digam Sérgio Godinho e Manuela Azevedo!

Neste programa participaram Pedro Sousa, Diogo Matos e Tiago Gonçalves, da Universidade do Minho, Alexandre Silva, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Ana Ventura e João Morais, do Instituto Politécnico de Portalegre, Pedro Lopes, Francisco Nascimento e Adriana Gonçalves, da Universidade da Beira Interior, Rafael Sousa, Rafael Franco e Rita Pedroso, do Instituto Politécnico de Tomar, Rui Casanova, da Universidade Nova de Lisboa, e Rui Costa e José Volta, da Universidade do Porto. A edição é de Luís Bonixe, professor do Instituto Politécnico de Portalegre e a locução de Manuela Pires, jornalista da Renascença. A pós produção é de Miguel van-der Kellen, professor na Universidade Autónoma de Lisboa e formador no Cenjor.