A Quinta da Arca d’Água, em Abrantes, em tempos distantes albergou um convento. Nos limites da cidade, viu crescer à sua volta um considerável bairro de prédios e vivendas. Por iniciativa da Câmara Municipal, este espaço é agora utilizado para hortas comunitárias.

Desde 2013 que o número de parcelas tem vindo a crescer. Cerca de 100 talhões foram atribuídos, mas ainda há pessoas em lista de espera. Cada parcela pode ter entre 40 e 100m2. Cada um cultiva o que entende. Há muitas couves, mas também há flores.

Os hortelãos ajudam-se uns aos outros. Há quem tenha mais experiência, há quem se tenha dedicado à agricultura pela primeira vez. Há quem vá sozinho, há quem vá com a família. Para muitos abrantinos, ter uma horta é também uma terapia para combater os problemas e as preocupações do dia a dia. Mas o objetivo final é sempre colher o que a terra dá.

Às vezes, esta dádiva é uma importante ajuda na economia familiar. Outras vezes, o cultivo faz- se pelo simples prazer de consumir os próprios produtos biológicos.

Neste espaço comum, com equipamentos de utilização coletiva, como o sistema de rega e as caixas de compostagem, o objetivo é trabalhar a terra da forma mais natural possível. A Câmara disponibiliza aconselhamento técnico, mas os hortelãos também vão partilhando
conhecimentos. O convívio, entre pessoas de idades e percursos de vida muito diferentes, surge de forma natural.

Em determinadas horas do dia, são os reformados quem mais se dedica às hortas comunitárias. Muitas vezes, vão com os maridos e com as mulheres. Quem trabalha vai sobretudo ao início da manhã ou no final do dia. E se, num dia mais quente, alguma parcela fica por regar porque o hortelão não pode ir, há sempre um vizinho que pega na mangueira para que os legumes não murchem.

Rui Fortunato tem 57 anos de idade e trabalha na área da manutenção. Candidatou-se a um talhão “como forma de lazer”, mas alimentar-se “com melhor qualidade” foi outro dos objetivos.

Ana Fortunato já é reformada. Aos 65 anos, aproveita o tempo para ajudar o marido na horta, que querem que seja o mais biológica possível, como todos os outros hortelãos.

Augusto Moço, com 65 anos de idade, combate o stress na horta. Para além disso, como “a reforma é pequena”, os produtos que cultiva (como cebolinho, repolho e couve ratinha) acabam por ser um complemento.

Fernanda Diogo, com 60 anos, está reformada e vê na sua horta uma forma saudável de passar o tempo. O resultado do trabalho faz com que possa consumir os seus próprios produtos, de forma auto-suficiente.

Carlos Diogo, com 66 anos, foi trabalhador hospitalar. Com a chegada da reforma mudou a sua atividade para hortelão, ajudando a mulher a cultivar produtos naturais que ajudam na economia familiar.