O imenso abismo da humanidade

Pedro Coelho, grande repórter da SIC e professor auxiliar na Universidade Nova de Lisboa. Editor do programa "Refugiados"

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A história anda aos tombos, da mesma forma que o bêbado encharcado em vinho barato cai nos mesmos lugares e tropeça nos mesmos postes.

 

A história, monotonamente cíclica, está prestes a cair no mesmo buraco, o maior e mais profundo de todos, aquele em que caiu há 80 anos: o buraco onde se acumula o desprezo pelo outro, a violência desmesurada contra a diferença, a afirmação de uma raça superior. Sabemos onde isso nos levou. Mas a historia, bêbada de indiferença, aproxima-se perigosamente do abismo.

Em julho, no REC, acendemos uma luz vermelha de aviso, um néon que dispara doses maciças de bom senso. Virá tarde, como vêm tarde todos os alertas. O íman que conduz a humanidade para novo abismo é demasiado intenso.

Estamos a assistir ao maior êxodo depois da Segunda Guerra Mundial.

Há 68,5 milhões de refugiados no mundo. Gente que fugiu da fome, da guerra e que luta, longe do lar, pela sobrevivência.

A Primavera Árabe engrossou a fileira dos errantes. Os sírios e os afegãos batem insistentemente à porta da fortaleza da Europa. A Europa trancou-se por dentro.

O programa de rádio apresenta-lhe a experiência limite de um jovem afegão que Portugal acolheu, a fuga intempestiva de um jovem sírio, que parou em Lisboa e que quer ficar, a experiência positiva de acolhimento na pequena cidade do Fundão e a história triste de um poeta andarilho, um velho refugiado do mali.

No site abrimos o ângulo. Os refugiados deveriam ser a nossa prioridade. A Europa somos nós. Temos de nos abrir ao outro, antes de cairmos no imenso abismo da humanidade.

Neste programa participaram Mariana Cruz e Isabel Gonçalves, alunas da Universidade Nova de Lisboa, Tânia Monteiro, da Universidade Autónoma e Pedro Lopes, da Universidade da Beira Interior. A edição é de Pedro Coelho, grande repórter da SIC e professor auxiliar convidado na Universidade Nova de Lisboa, com a colaboração de Ricardo Tenreiro, editor de imagem da SIC. A pós produção é de Miguel van-der Kellen, professor na Universidade Autónoma de Lisboa e formador no Cenjor.